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Rinite Alérgica: O Que é, Causas, Sintomas, Prevenção e Tratamento

Arinite alérgica pertence a um conjunto de condições clínicas denominadas “alergias”, nas quais o sistema imunológico reage de modo exagerado e excessivo. Outras alergias comuns são: a asma alérgica, a dermatite atópica, as alergias alimentares e a anafilaxia.

O que é a rinite alérgica? A rinite alérgica é uma condição inflamatória das vias respiratórias superiores, caracterizada por espirros, corrimento nasal, comichão no nariz e congestão nasal, sintomas que, dependendo da intensidade, podem condicionar a qualidade de vida. Esses sintomas são desencadeados pela exposição a alérgenos (substâncias que podem condicionar alergia) presentes no ar que respiramos tais como: pólen, ácaros, pêlos de animais, bolores, bactérias, tabaco, poluição urbana e industrial, chemtrails, e também pelos químicos presentes nos produtos de higiene doméstica, na construção dos móveis, nos materiais de revestimento das casas, entre outros.

Há cada vez mais estudos científicos que apontam para a sobrecarga tóxica sobre o sistema imunológico, decorrente da alimentação não-natural, com consequências negativas diretas: sobre a permeabilidade da parede intestinal, permitindo a passagem para o sangue de substâncias indesejáveis; e sobre a flora intestinal, que joga um importante papel na nossa imunidade.

Meio Ambiente e Epidemiologia

A prevalência de doenças alérgicas, como a asma, a rinite alérgica e a dermatite atópica, aumentou drasticamente nas últimas três décadas nos países desenvolvidos, e as alergias são agora a doença crónica mais comum entre as crianças a nível mundial.

O meio ambiente tem um papel condicionante na distribuição da prevalência de rinite alérgica na população, nomeadamente: viver em meio urbano ou rural; junto ao mar ou em altitude; com clima húmido ou seco, e tipos de vegetação associada a estes tipos de clima.

É importante estar ciente que cada vez é maior o número de tóxicos que, em simultâneo, entram no nosso corpo: são milhares de vezes superiores, em volume e diversidade, aos que estavam sujeitos os nossos avós e bisavós. Isto inclui alimentos com pesticidas (agrotóxicos), hormonas, antibióticos; alimentos processados com corantes, conservantes, aromatizantes; “alimentos” artificiais (como as marshmellos ou os refrigerantes); cereais e sementes geneticamente modificadas, entre muitos outros – tudo isto condicionando uma sobrecarga sobre o sistema imunológico.

Sabe-se também que o ar que respiramos nos ambientes interiores é 2 a 5 vezes mais poluído do que o ar exterior; acresce o facto de, em média, passamos dois terços da nossa vida em espaços interiores.

 Está, pois, identificodo que a reactividade respiratória a alérgenos é condicionada ou agravada por acumulação contínua de substâncias não-naturais no nosso organismo, causando sobrecarga no sistema imunológico. À medida que “evoluímos nas condições de vida”, maior é o número de substâncias alérgenas no nosso entorno e, consequentemente, a prevalência de rinite alérgica e de outras alergias tem vindo a aumentar.

De acordo com o inquérito de saúde de 2019, estima-se que cerca de 17,8% da população portuguesa adulta tenha sido diagnosticada com rinite alérgica em algum momento da vida. A prevalência foi maior em mulheres do que em homens (21,1% versus 13,9%, respectivamente).  Um estudo de 2016, estimou que a sua prevalência em crianças, entre 6 e 7 anos, era de aproximadamente 22%, enquanto em adolescentes, 13 e 14 anos, era de cerca de 27%. Estamos face a um problema de saúde pública, pois afecta cerca de dois milhões de pessoas em Portugal.

Espanha tem uma das maiores taxas de alergias respiratórias da Europa. Segundo dados recentes, quase 30% da população espanhola sofre de algum tipo de alergia, sendo as alergias ao pólen e aos ácaros as mais comuns. A taxa geral de prevalência da rinite alérgica varia entre 10 a 25%, consoante condições geográficas e diversos factores de exposição ambiental; variando nas populações mais jovens: 8,5% nas crianças dos 6 aos 7 anos, de 16,3% entre adolescentes dos 13 aos 14 anos.

O Que é a Rinite Alérgica?

O sistema imunológico tem como função defender-nos de eventuais agressores. No caso da rinite alérgica, há uma hiper-reactividade dos mecanismos de defesa aparentemente desproporcional à perigosidade do agente agressor.

A resposta alérgica é composta por duas fases – precoce e tardia. O processo é desencadeado pela exposição a alergénios, tais como pólenes, ácaros, poeiras, pêlos de animais ou fungos. A fase precoce tem início minutos após a exposição ao alergénio; corresponde ao reconhecimento do agente agressor pelo s. imunológico, e dura cerca de 2 a 3 horas. A fase tardia inicia-se cerca de 4 a 8 horas após exposição a um alérgeno relevante; é a fase iminentemente inflamatória, sendo caracterizada por grande produção de muco e congestão nasal. Considera-se que estas alterações de fase tardia contribuem para a hiper-reactividade brônquica.

Os pólenes, os ácaros, os mofos ou bolores e os pêlos dos animais não são a causa da rinite alérgica, mas são os factores desencadeantes da resposta alérgica. Ou seja, o sistema imunológico já se encontra em “sobrecarga de funções” e quando, por exemplo, os ácaros (presentes na roupa das camas) entram em contacto com a mucosa do nariz, funcionam como gatilhos, fazendo “disparar” a resposta alérgica.

A rinite alérgica pode ser classificada com base na duração (intermitente ou persistente) e na gravidade (ligeira ou moderada-grave) dos sintomas. A rinite intermitente (presente menos de 4 dias por semana, ou com menos de 4 semanas de duração) corresponde essencialmente à rinite sazonal, associada a pólenes, também conhecida como “febre dos fenos”, predominante na Primavera, mas também pode ocorrer no Outono. A rinite persistente estará mais presente em regiões geográficas em que os pólenes sejam permaneçam por períodos mais longos, ou em zonas húmidas por acumulação de bolores; mas também pode ser condicionada pelo ambiente interior (doméstico ou laboral). Alérgenos presentes nos ambientes interiores:

  • ácaros na roupa de cama, sofás, cortinados, alcatifas, etc., por higiene insuficiente;
  • mofos, fungos e bolores devido a humidade excessiva e falta de ventilação natural ou ventilação insuficiente;
  • falhas nos sistemas de filtragem de espaços sem ventilação natural;
  • químicos, presentes: nas matérias de revestimento das casas e dos móveis; nos produtos de higiene pessoal e doméstica; no tabaco; nos tecidos sintéticos para vestuário; em atividades profissionais.

É considerada rinite ligeira se: não interfere com o sono; não interfere com as actividades diárias, laborais/ escolares, desportivas ou de lazer; e, não tem sintomas incomodativos.  É considerada rinite moderada a grave se interfere com pelo menos uma das situações acima mencionadas.

Rinite significa inflamação da mucosa nasal. Para além da alérgica, há outras causas de rinite. A rinite vasomotora resulta de uma disfunção dos vasos sanguíneos do nariz que poderão reagir a mudança súbitas de temperatura, a cheiros fortes ou a stress.  A rinite infeciosa é condicionada por microrganismos, normalmente bactérias ou vírus (ex: constipações e gripes).

Sintomas da Rinite Alérgica

Os principais sintomas da rinite alérgica são: espirros (frequentemente em salvas), prurido nasal (comichão no nariz), rinorreia aquosa (corrimento nasal) e congestão nasal. Concomitantemente podem existir: sintomas oculares (prurido ocular, olhos vermelhos e/ou lacrimejo); rinorreia posterior (corrimento nasal que escorre pela faringe para boca e laringe); prurido do palato (céu-da-boca); e a irritação da garganta com tosse, que se pode tornar crónica, na rinite persistente.

A rinite alérgica pode condicionar e/ou estar associada a asma brônquica.

A rino-sinusite ou sinusite é a inflamação, ou infecção, das mucosas dos seios peri-nasais. Estes são cavidades internas de ossos da face e crânio que se comunicam com as fossas nasais. A sinusite é uma situação clínica de difícil tratamento, quando se torna crónica e pode estar associada à rinite alérgica. À rinite podem também estar associadas otites médias (na zona intermédia do canal auditivo), especialmente em crianças.

Todas as mucosas (membranas de revestimento interno dos nossos órgãos) que se encontram na continuidade com as fossas nasais (cavidades internas do nariz) podem inflamar-se por “extensão” da inflamação da rinite alérgica, pois não há barreiras físicas entre elas.

Para além das situações clínicas associadas a rinite alérgica, já referidas, podem ainda existir outras situações clínicas concomitantes, tais como: polipose nasal, hipertrofia dos adenoides, disfunção da trompa de Eustáquio (ouvidos), apneia do sono, laringite e refluxo gastro-esofágico.

Como Diagnosticar a Rinite Alérgica?

É importante realizar o diagnóstico preciso da rinite alérgica, excluindo outras patologias tais como: constipação, rinite infecciosa, rinite vasomotora, rinite medicamentosa (por uso excessivo de descongestionantes nasais), sinusite crónica, polipose nasal, desvios do septo nasal.   

O diagnóstico de rinite alérgica baseia-se na história clínica, no exame das fossas nasais, em análises ao sangue, e, nalguns casos persistentes e intensos, em testes cutâneos através de picada, com introdução de quantidade diminutas de alergénios para identificar o grau de reatividade do organismo a cada um deles. Existem mais dois níveis de testes diagnósticos, de complexidade e custos crescentes, a utilizar em situações específicas.  

Principais diferenças entre rinite alérgica, sinusite e constipação:

CaracterísticasRinite AlérgicaSinusiteConstipação
CausaAlergiaInflamação ou InfecçãoInfecção viral
Secreção nasalClara e aquosaEspessa, amarela/esverdeadaClara, inicialmente; depois, amarela
EspirrosFrequentesPoucos ou ausentesOcasional
Comichão no nariz, olhos e ouvidosSimNãoNão
Dor nos ossos da faceNãoSim, intensa (testa, maçãs do rosto, ao redor dos olhos)Poderá existir, mas será leve
FebreNãoPode ocorrerPode ocorrer, será baixa
DuraçãoEnquanto houver contacto com o alergénio10-14 dias (aguda) ou meses (crónica)5-10 dias
Outros sintomas frequentesCongestão nasal; lacrimejodor de cabeça; perda de olfatoDor de garganta; cansaço leve

Como Diagnosticar a Rinite Alérgica?

Dado que os sintomas de rinite alérgica se desencadeiam por sobrecarga e hiper-reactividade a substâncias externas ao nosso organismo, implementar medidas preventivas para evitar esse contacto é o mais inteligente e eficaz para minimizar ou anular o aparecimento de crises agudas, e contribuir para minimizar ou reverter quadros de rinite alérgica persistente (vulgarmente denominada como crónica).

São múltiplas as medidas preventivas que podem ser implementadas e que deverão ser escolhidas de acordo com o diagnóstico médico estabelecido.

São dois os grupos-chave de medidas preventivas:

1) Medidas Alimentares e Digestivas: redução dos alimentos e bebidas não-naturais, e escolha de alimentação mais natural; acrescido, nalguns casos, da toma de probióticos (consultar um profissional de saúde). Os probióticos são formulações de microrganismos específicos que são considerados essenciais na manutenção do equilíbrio da microflora intestinal, ou seja, na saúde do nosso microbioma. Têm papéis fisiológicos e efeitos terapêuticos únicos na manutenção da barreira mucosa e da função imunitária do trato gastrointestinal.

2) Medidas Respiratórias: diminuir o contacto com os agentes alergénios que poderão ser:  

a) afastamento de animais domésticos; redução ou supressão de materiais que acumulem pó, ácaros e mofos: cortinados, carpetes, almofadas e sofás revestidos de tecido;

b) em casos de grave reactividade a pólenes, programar as saídas de casa de acordo com o boletim polínico da Rede Portuguesa de AeroBiologia (ex: para Lisboa: https://www.rpaerobiologia.com/previsao-polinica/lisboa) ou da Red Española de AeroBiología (https://www.uco.es/rea/?page_id=262);

c) diminuir ácaros e poeiras – higiene frequente da roupa de cama e, eventual uso de colchões, capas e almofadas anti-ácaros;

d) purificação do ar interior por equipamento médico certificado, pois remove do ar interior todo o tipo de partículas, quer sejam inertes (poeiras, fumo de tabaco, partículas químicas de produtos de higiene, etc.), quer sejam de origem biológica (pólenes, mofos, bolores, ácaros, bactérias, vírus);

e) higiene nasal com soro fisiológico, para remover alérgenos das vias respiratórias.

Para além das medidas preventivas, poderá ser necessário realizar tratamento da rinite alérgica com fármacos.

De referir ainda a relevância de duas escolhas importantíssimas no início da vida que asseguram um sistema imunológico mais competente: parto natural vaginal (versus cesariana) e amamentação materna prolongada (versus amamentação materna de curta duração, ou aleitamento com leites artificiais ou com leite de vaca).

Tratamentos para Rinite Alérgica

Em termos gerais, o tratamento para a rinite alérgica baseia-se em medidas de controlo ambiental, em terapêutica farmacológica e, em casos selecionados, no uso da imunoterapia com alergénios.

  • As medidas de controlo ambiental ou evicção: correspondem a estratégias para minimizar a exposição a alérgenos – ver as medidas preventivas referidas no item anterior. Sublinho a importância do uso de purificadores de ar (certificados como dispositivos médicos) em residências em áreas urbanas, ou em ambientes com alta densidade de partículas em suspensão, como sucede em meios laborais.
  • São diversos os grupos de medicamentos utilizados no tratamento da rinite alérgica, sendo os mais comuns:
  1. Os Anti-histamínicos são medicamentos que visam diminuir a acção da histamina (substância produzida em grandes quantidades na reacção alérgica e que desencadeia não só os sintomas iniciais da rinite alérgica, como contribui para a perpetuação dos mesmos). Podem ser administrados por via oral, ou aplicados topicamente, por via nasal. As suas acções mais eficazes são na diminuição: dos espirros, do corrimento nasal, do prurido nasal e ocular. Atenção: podem condicionar sonolência e comprometimento da coordenação motora.
  2. Os Glucocorticoides tópicos nasais: são considerados a base do tratamento da rinite alérgica, pela sua ação anti-inflamatória, permitindo o controlo dos principais sintomas: espirros, prurido, rinorreia e obstrução nasal. Estão recomendados como tratamento de eleição da rinite alérgica, quer nos adultos, quer nas crianças.
  3. Descongestionantes nasais: existem vários grupos com diferenças no modo de actuação para minimização de sintomas: controlo da rinorreia, da obstrução nasal e da conjuntivite.
  4. Imunoterapia específica com alergénios: conhecida como “vacinas para as alergias”. É a única opção terapêutica que modifica o mecanismo imunológico subjacente à rinite alérgica, induzindo progressivamente a dessensibilização face aos alergénios agressores. Está indicada no tratamento da rinite alérgica moderada-grave.
  5. Remédios naturais: Lavagem nasal com soro fisiológico; a hidroterapia termal (tratamentos com águas termais); lavagem nasal com água de mar, ou banhos com mergulho no mar. Tanto a hidroterapia termal como os banhos no mar têm   efeitos benéficos a curto e a médio prazo.

Atenção: consulte o seu médico assistente para a escolha dos medicamentos mais adequados e seguros para si.

Conclusão

Dada a variabilidade de factores desencadeantes da rinite alérgica é importante o diagnóstico específico para um tratamento mais adequado. Consulte um médico especialista em alergias (médico alergologista) para tratamentos mais personalizados no caso de rinite alérgica com sintomas moderados a graves.

A nossa saúde depende das escolhas de hábitos de vida mais saudável que, consistentemente, fazemos todos os dias – isto é algo que já não pode ser ignorado. No caso da rinite alérgica, todas as medidas preventivas são a escolha mais inteligente e eficaz a seguir, para impedir a instalação de quadros clínicos graves ou persistentes, com consequências negativas no bem-estar, no humor, no desempenho físico e mental, social e profissional e na perca de qualidade de vida.

ZELE PELA SUA SAÚDE – ESCOLHA-SE A SI!

Alguma Bibliografia

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